domingo, 11 de março de 2018

Os saqueadores do deserto






– Que venham os famintos.
Quê podem eles saber
do elemento transformador?
Ânsia de derrubar castelos?

A ânsia de derrubar castelos.
A sede de incendiar geleiras.
A fome de tracejar conjurações
sustentantes, nutritivamente forrantes
à criança entorpecida,
que baba
pelo fruto então proibido.

O desejo de extrair a lança
da armadura (somática).
Os escudos desenham
o trajeto dos carros camuflados.
Da fábrica de pensamentos de uma geração vulcanizada
sobe ocre um rolo de fumaça.

– Que venham os hediondos.
Já temos os dentes triangulares bem presos
às extremidades.

Surpresa libertária
em meio ao bosque de símbolos
gastroversados.

Ao lado do posto de recolhimento,
além das cercas elétricas,
o Ídolo se decompõe
em fragmentos arenosos
– silicato fumegante entre aromas acrílicos.
Queimam isopores os pequeninos,
enfurnados em trajes anti-incêndio
e deleitando-se na aspiração
de um novo gás.

– E nós temos
o elemento devorador.

A fissura na máscara-sapo,
o acesso ao coração do inocente saqueador.
A profusão de víveres saqueados
pelos famintos
lhes custará o próprio sangue
(alaranjado e fino).

Mangueiras lança-chamas fazem seu dever.
Os corpos dos roncantes jazem quebradiços.
Mantimento praticamente intacto no segundo veículo.
Quase todos os ratos ficarão fortes e corados.








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