Cercas que me cercam,
cercas que me cercam, sou um horizonte evanescente rumo aos pés do forasteiro,
sou a sombra da esperança alada sobre a terra; não tolero esta brusca visão de
uma nova divisão, arrancadas sendo as raízes e aterradas as velhas trilhas que
irrigavam meus segredos férteis.
Salto dos épicos barrancos
dos meus olhos, que não se fecham à beleza sobrevivente; persistente sou como a
avalanche dos ventos desabalados desde os topos das colinas eucalípticas até a
superfície dos açudes.
O aviso da tempestade.
O ímpeto do raio.
O urro do trovão.
O campo vive na lembrança
de um deus.
Cercas que me cercam,
cercas que me cercam, os arames malditos que cortam as mãos e patas dos
nativos, não mais vivos, mas redimidos pelo verde, inconformado e aguerrido e
determinado verdor primitivo que abastece de energia natural o reservatório
guardado de sonhos necessários.
Perco de vista o medo
incolor de me ser, ser sem barreiras e nunca impedindo que me pise todo ser
verdadeiramente livre de alma; arrancada é agora a leviana intrusão num último
ato de um único eflúvio de seiva selvática.
Sábia é a tempestade.
Iluminador, o raio.
Austero, o trovão.
Eu sou o campo.
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