Não há nada que você possa fazer:
você pode bater os pés
ou quebrar as suas obras de arte,
mas não pode me impedir de pensar.
Se você por acaso me vir no canto do
salão,
aparentemente imerso em
autocontemplação,
saiba que não me encontro realmente
ali.
Se no meio da roda etílica
as palavras de mau gosto jorradas
parecerem me entreter
e na calçada meus olhos mirarem o
caminho adiante,
entenda que algo oculto de meus olhos físicos
inspeciona-lhe minuciosa e
desavergonhadamente
o corpo e a alma.
Estou pensando, mesmo sentindo,
mesmo dormindo, mesmo extinto.
Desculpe, mas só resta a você se
conformar.
Dou-lhe o presente de
minha transparência
em troca da sua que roubei
por puro instinto.
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