quinta-feira, 22 de março de 2018

Vivente






Vivente...
Querido e amado vidente...
Outorga-me o privilégio
de curar tuas fundas olheiras...
acariciar a superfície
de tua sabedoria torturada...
restaurar-te para o altar
de minha solidão inconfessável...

Coroasse o tempo o nosso desatino,
não estaria eu de volta ao ponto de partida,
reavivando a chama adormecida
entre ocidentais frenesis.

Admira, porém, o que há de novo
no cenário
e retomaremos os inauditos
passeios da alma!

Quem sou eu para vangloriar-me
de repousar apenas à sombra
de minha própria luz?
Já não pudemos devassar com efeito
os horizontes dos eventos?
Diz-me: convém extrair da solidão
filhos e filhas?

Vejo que os olhos não envelhecem,
nem tampouco esquecem de pensar...
Pensemos então
constructos de luz e cor,
destruamos os conceitos triviais
de impossível e absurdo
e, então,
sentido e sem sentido
serão termos redefinidos (extirpados?)
dos léxicos julgantes
e condenantes.

Ora, estás julgando outra vez, rapaz...
Descansa agora, enquanto é tempo;
sei que em breve o foco de teu espírito
(imenso!)
desvanecerá a trama ilusória dos fenômenos,
rompendo os estreitos limites
do universo obscuro dos julgadores…








Nenhum comentário:

Postar um comentário